domingo, 5 de fevereiro de 2012

Brigada Indignada presente no ato em defesa dos moradores do Pinheirinho

O Vamos à Luta enviou uma Brigada Indignada ao ato em São José dos Campos em defesa dos moradores do Pinheirinho. Abaixo o relato da companheira Rana Agarriberri, da UFMG.

"No dia 2 de Fevereiro houve um ato nacional em apoio ao Pinheirinho, em São José dos Campos. Estavam presentes cerca de 4000 pessoas: vários movimentos populares, sindicatos, órgãos de representação estudantil e partidos políticos. Estar lá na briga já era suficiente, mas não... a manifestação em si não seria o ponto alto. Visitamos o terreno onde ficava a comunidade Pinheirinho, local onde moravam mais de 8000 pessoas, local onde pessoas nasceram, cresceram, viveram e construíram suas casas e seus sonhos. Ver aquilo de perto foi chocante... foi a experiência mais viva da minha vida... Um cenário de Guerra seria certamente idêntico àquilo. Pedaços de pau se misturavam à ursos de pelúcia, armários destruídos, colchões e de quando em quando apareciam gatos e cachorros tão maltratados quanto carentes. Uma senhora apareceu e nos contou que estava ali para levar comida aos bichinhos, era apenas mais uma dentre tantas outras histórias que já havíamos lido em qualquer jornal: "fui acordada pelo som do helicóptero em cima da minha casa e policiais gritando e nos ofendendo de tudo quanto era nome", nesse momento um nó emperrou na garganta de todos que estavam ali, "só deu tempo de eu pegar meus filhos e sair correndo, pus os meninos pra correrem e disse que ia voltar pra ajudar minha vizinha com os filhos dela. Não deu tempo de pegar nada, o trator veio e destruiu tudo", disse aos prantos.
Os desabrigados de Pinheirinho estão em Ginásios com pelo menos 600 pessoas cada um. Bebezinhos de colo à senhores de idade são obrigados a passar por toda aquela humilhação, obrigados a usar pulseirinhas ("Outro dia uma grávida foi espancada porque saiu e quando voltou não usava mais a pulseira", disse Sônia, uma jovem senhora, desempregada e com 6 filhos para criar) e obrigados a comer comida estragada("O filho de uma amiga minha outro dia passou 3 dias internado porque comeu comida estragada deles"). Os moradores recebem R$500 de auxílio aluguel, mas a maior parte dos imóveis são de imobiliárias e mesmo quando tem o dinheiro os locadores não aceitam quando descobrem que os inquilinos serão os moradores do Pinheirinho, "Uma ex-vizinha minha conseguiu uma casa e deu 3 aluguéis adiantados, mas quando a dona ficou sabendo que era pra gente ela devolveu o dinheiro", completou Sônia.

Voltando de lá uma companheira disse: "Parece surreal, não é?!", um amigo respondeu: "Aquilo não era surreal, pelo contrário, isso é real até demais."

Nunca tive uma experiência tão real, tão chocante e tão clara do quão cruel o capitalismo é! Mas apesar da dor e do chute na cara de toda população o que mais senti foi força para lutar contra esse sistema opressor, cruel e desumano. Então hoje, mais do que nunca penso e sinto: Morte ao Capital!"

Lidiane e Ana Clara, crianças expulsas de suas casas, que foram destruídas pela polícia militar por ordem de uma juiza corrupta, de um prefeito canalha e do governador Alckimin assassino. Infelizmente a Dilma também é conivente! PINHEIRINHO RESISTE!