domingo, 24 de março de 2013

NOTA SOBRE O TROTE NA FACULDADE DE DIREITO DA UFMG



No dia 15 de março ocorreu um vergonhoso trote na UFMG que teve grande repercussão nas redes sociais e na mídia. O ato de racismo e machismo aconteceu no curso de Direito.
Estudantes veteranos amarraram um estudante em um poste e com o mesmo imobilizado fizeram uma saudação nazista, outra estudante sofreu a degradante situação de ser pintada com tinta preta, ficando amarrada a uma corrente, e segurando pendurado em seu pescoço os dizeres “caloura Chica da Silva”. De camisa social e bigodes de nazistas, estes veteranos são os representantes legítimos da estupidez que se perpetua dentro UFMG. Infelizmente não é um caso isolado, sabemos que cotidianamente são cometidos atos de machismo, homofobia e racismo nas universidades.
Apesar da conquista dos movimentos pelas cotas na universidade e da propaganda mentirosa do Governo Dilma, a universidade pública continua elitizada e restringida apenas a 4% da juventude brasileira. Infelizmente a realidade do nosso país é desigual e intolerante: a homofobia não é crime, nossa presidente veta o ensino da diversidade sexual nas escolas, a juventude negra é exterminada todos os dias nas favelas e um deputado racista e homofóbico é presidente da comissão de direitos humanos da câmara. A universidade não é uma bolha, portanto essa mesma lógica desigual e segregacionista da nossa sociedade tem seus reflexos na universidade e na juventude brasileira.
Com o povo negro a desigualdade e segregação tem sido ainda pior, o povo negro compõe a maior parte das favelas do Brasil, consequência da falta de políticas públicas de governos passados e atuais para dar aos negros e as minorias os tratamentos como iguais perante a lei, garantido na Constituição. São os negros que ocupam ainda 80% da população carcerária do Brasil, é latente a diferença entre população branca e negra nas funções com maior remuneração no mercado de trabalho. São hoje os negros e negros em maioria a camada mais pobre da população. Ainda são os negros os campeões de mortalidade na faixa etária de 19 a 24 anos. A razão para o preconceito é histórica, o povo negro sofreu com a escravidão no Brasil, e até hoje são aqueles que menos concluem o ensino médio, situação que reflete apenas, o atraso da consciência do país em relação a condição do negro enquanto excluído na historia. Não há nenhuma menção ao homem negro como herói nos ensinos básico, fundamental ou médio, não há nenhuma obrigação de estudar-se a cultura do povo africano que produziu a sangue e suor as riquezas do país. A situação da população negra no país é muito aquém do necessário, infelizmente as ideologias fascistas reproduzem pensamentos dos tempos dos escravocratas, e não podem ser tratadas como normais.
Na universidade pública apenas cerca de 20% dos estudantes se declaram negros ou pardos, sendo que representam aproximadamente 50% da população brasileira. Em cursos mais concorridos como Direito ou Medicina esse número é ainda menor. Não podemos mais aceitar atos de intolerância e preconceito nas universidades, por isso defendemos:

- Expulsão imediata de todos os estudantes envolvidos na prática do trote racista na faculdade de direito da UFMG.
- Punição a qualquer ato de descriminação (seja racial, social, de gênero ou homofóbica) promovido por estudantes e professores.
- Ampliação da política de cotas raciais, equivalente à proporção de negros e negros na sociedade.
- Aplicação da educação étnico-racial como disciplina obrigatória de todos os cursos.
- Promoção de disciplinas anti-homofobicas e anti-machistas nas Universidades.
- Fim do veto da presidente Dilma ao kit anti-homofobia nas escolas públicas.

Coletivo Vamos a luta!